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Em cima da crosta

Nada como olhar o velho globo. Tão velho, que ainda tem marcado com linhas azuis países que já não existem. Fronteiras que se evaporaram. Fronteiras que se refizeram. O velho globo é mais bonito na escuridão. Um mágico interruptor dá-lhe luz bem no centro do núcleo. Pudemos então escorregar o dedo indicador e viajar. As viagens que já se fizeram. As que ainda se querem fazer. As que nunca se farão. As paisagens desenhadas para postal. As paisagens de memórias assustadoras. As paisagens da crueldade humana. E as melhores, as paisagens libertadoras. O sol e a guerra. A opulência e a miséria. Chamam-lhe mundo. Retalhado. Limpo e sujo. Libertado e enclausurado. Opressor e democrático.

E por ali, bem em cima da crosta, andamos aos milhões. Com avanços e recuos. Caídos como a folha de Outono. Erguidos como o fruto da Primavera. Olhamos o velho globo. Era outro mundo. Mas agora temos este. Com fantasmas a sair dos pântanos. Com drones a substituir os pássaros. Com a noite a não querer ser dia.

Somos muitos. Ainda somos. Desde os sem-abrigo em Díli, aos jovens mutilados em Bakmut. Hás famílias mortas em Gaza, aos escravos modernos na Cidade do México. Neste mundo, nesta crosta terrestre, existem 40,3 milhões de pessoas vítimas de escravatura moderna e 24,9 milhões são submetidas a trabalho forçado. Dessas, 29 milhões são mulheres e raparigas. E existem 152 milhões de crianças vítimas de trabalho infantil. Milhões com fome. Milhões sem cuidados básicos de saúde. Milhões vítimas das guerras. Milhões e milhões sem chão nem sol.

Homens e mulheres. Jovens e velhos. Fotografias de esperança. Pelo mundo.

8 Maio 2025
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
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Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda
Em cima da Crosta, fotografia de Adriano Miranda
© Adriano Miranda

AUTOR

Picture of Adriano Miranda
Adriano Miranda
Nascido em Aveiro, em 1966, Adriano Miranda formou-se em Artes Visuais na Cooperativa Árvore, no Porto, e no AR.CO, em Lisboa. Desde 1996, integra a equipa do jornal Público como fotojornalista, tendo exercido funções de editor ede fotografia entre 2001 e 2005. Paralelamente, tem dedicado a sua carreira ao ensino da Fotografia, lecionando no AR.CO, CENJOR e ESMAE. Atualmente, é professor no IPCI-Porto e na Escola Superior de Jornalismo do Porto. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido e distinguido com diversos prémios, incluindo o Prémio na categoria de Retrato da Estação Imagem 2011, o Prémio Gazeta 2017 e o Prémio de Jornalismo da Rede Europeia Anti-Pobreza em 2019, 2020 e uma Menção Honrosa em 2021. Com um percurso consolidado no panorama fotográfico, Adriano Miranda tem participado em diversas exposições na Europa e na América Latina, estando representado em várias coleções nacionais e internacionais. Publica regularmente, destacando-se nos últimos anos obras como Emergência366, Vozes ao Alto – 100 Histórias na História do Partido Comunista Português e E no Princípio era a Água, esta última publicada com o Alto Patrocínio da Organização das Nações Unidas.

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